Poluição sonora submete corpo a altas doses de estresse


Por mais inofensivo que pareça um barulho, ele provoca mudanças que mantêm o organismo em alerta, sendo causa de estresse, hipertensão e irritabilidade
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DEIVYSON TEIXEIRA
Danyel Fernandes e sua música no último volume: "Geralmente, não escuto nada direito logo depois de ensaiar com a banda. No dia seguinte, dá até dor de cabeça"
 
 
A poluição sonora que nos cerca é a terceira do planeta. Só perde para a poluição da água e do ar, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). É justamente esse barulho, que está no trânsito das ruas, nas máquinas do trabalho e nos aparelhos domésticos dentro de casa, que tem sido responsável por piorar a qualidade de vida da população nas grandes cidades. O ruído fora de controle, além da perda da audição, zumbidos e distúrbios do labirinto, podem causar ansiedade, nervosismo, insônia, hipertensão arterial, gastrites e até úlceras.

O som a que o ouvido suporta saudavelmente, segundo a fonoaudióloga Hyrana Frota, fica entre 40 decibéis e 50 decibéis. O problema é que constantemente somos surpreendidos por um caminhão que passa e buzina, podendo produzir 100 decibéis de som; ou por um avião que cruza o céu e produz 120 decibéis de barulho. Essa é, aliás, a máxima pressão acústica que suporta o ouvido humano.

O médico Hélio Rola é um dos que, em Fortaleza, briga na justiça por qualidade de vida nos bairros próximos ao Aeroporto Internacional Pinto Martins. Ele mora a 10 quilômetros do aeroporto, mas diz ser insuportável o barulho que as aeronaves fazem: “Pessoas que vivem sob abalo de avião têm estresse constante. Os malefícios são grandes sobre a pressão arterial, porque desperta o organismo para uma situação de alarme. A consequência disso é a hipertensão e, do lado psicológico social, a intolerância”. Segundo a Infraero, são 24 os voos noturnos que partem ou chegam a Fortaleza. “Fico aqui em casa medindo, em aplicativo que tenho: varia de 90 a 100 decibéis o barulho provocado pelos aviões. E é porque moro relativamente longe do aeroporto. Imagina o que sofre quem está ali”, ressalta o médico.

Outros transtornos
A fonoaudióloga Alessanda Samelli destaca que níveis até mais baixos que os 85 decibéis – altura legalmente aceita para uma jornada de oito horas de trabalho – podem ser nocivos para uma pessoa que precise de concentração para executar seus afazeres ou dormir. Esses ruídos podem provocar outros transtornos: como dificuldade de comunicação, já que a pessoa tem que ouvir cada vez mais alto, estresse, hipertensão arterial, problemas gastrointestinais, falta de concentração no sono.

“Pessoas que moram em local ruidoso e dormem com ruídos acima de 40 decibéis, que é o barulho provocado por uma simples conversa entre duas pessoas, já podem ter esses prejuízos na saúde”, diz. Quem morar perto de uma rodovia facilmente terá, dentro de casa, 100 decibéis trovejando. (Luar Maria Brandão)


Originalmente publicado em: http://www.opovo.com.br/app/opovo/cienciaesaude/2013/03/30/noticiasjornalcienciaesaude,3030076/poluicao-sonora-submete-corpo-a-altas-doses-de-estresse.shtml

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