Clariaudiência – Literalmente, audição
clara. Se refere à excepcional habilidade auditiva, tendo em vista
particularmente o som ambiente. A capacidade auditiva pode ser treinada, para se
chegar ao estado de clariaudiência por meio de exercícios de Limpeza de Ouvidos.
Competência sonológica – O conhecimento
implícito que permite a coompreensão das formas sonoras. A competência
sonológica une impressão e conhecimento e torna possível formular e expressas
percepções sônicas. É possível que, do mesmo modo que varia de indivíduo para
indivíduo, possa também variar de cultura para cultura ou pelo menos
desenvolver-se de maneira diferente em culturas diferentes. A competência
sonológica pode ser ajudada por exercícios de Limpeza de Ouvidos.
Ecologia acústica – Ecologia é o estudo
da relação entre os organismos vivos e seu ambiente. A ecologia acústica é,
assim, o estudo dos efeitos do ambiente acústico, ou paisagem sonora, sobre as respostas físicas ou características
comportamentais das criaturas que nele vivem. Seu principal objetivo é dirigir
a atenção aos desequilíbrios que podem
ter efeitos nocivos. Compara com planejamento acústico.
Espaço acústico – O perfil de um som na
paisagem. O espaço acústico de qualquer som é a área na qual ele pode ser
ouvido antes que caia abaixo do nível sonoro ambiental.
Espaço auditivo – O espaço em qualquer
gráfico que resulte de uma representação gráfica das várias dimensões do som,
colocadas uma em oposição à outra. Para ser convenientemente lido,
habitualmente se ultilizam apenas duas dimensões de cada vez. Assim, o tempo
pode ser colocado em oposição à freqüência, a freqüência à amplitude ou a
amplitude ao tempo. Desse modo, o espaço auditivo é apenas uma convenção de
notação e não deve ser confundido com o espaço
acústico, que é uma expressão do perfil de um som em relação à paisagem.
Esquizofonia – (do grego schizo = partido e phone = voz, som) – O autor Murray Schafer empregou esse termo pela
primeira vez em A Paisagem Sonora,
referindo-se à separação entre o som original e sua reprodução eletroacústica.
Os sons originais são ligados ao mecanismos que os reproduzem. Os sons
reproduzidos por meio eletroacústico são copias e podem ser reapresentadas em
outros tempos e lugares. Schafer esta palavra nervosa para dramatizar o efeito aberrativo desse desenolvivento do
século XX.
Evento Sonoro – Definição de evento no
dicionário: “ Alguma coisa que ocorre em um certo lugar durante um determinado
tempo”. Isso sugere que o evento não pode ser abstraído do continuum espaçotemporal que está na definição. O evento sonoro,
como os objetos sonoros, é definido
pelo ouvido humano como a menor partícula independente da paisagem sonora. Difere do objeto
sonoro na medida em que o último é um objeto acústico abstrato para estudo,
enquanto o evento sonoro é um ponto de referência não abstrato relacionado com
um todo de maior magnitude do que ele próprio.
Hi-Fi – Abreviação de alta fifelidade (high fifelity), isto é razão sinal/ruído
favorável. O uso mais geral do termo ocorre em eletroacústica. Aplicado aos
estudos da paisagem sonora, em ambiente hi-fi
é aquele onde os sons podem ser ouvidos claramente, sem estarem amontoados
ou mascarados. Comparar com Lo-Fi.
Limpeza de Ouvidos – Um programa sistemático
para treinar os ouvidos a escutarem de maneira mais discriminada os sons, em
especial os do ambiente. Uma série desses exercícios é dada no capítulo Limpeza de Ouvidos do livro O Ouvido Pensante – editora UNESP,
1991/1996.
Lo-Fi – Abreviação de baixa fidelidade
(low fodelity), que é uma razão
sinal/ruído desfavorável. Aplicado aos estudos de paisagem sonora, o ambiente lo-fi é aquele em que os sinais se
amontoam, tendo como resultado o mascaramento ou a falta de clareza. Comparar
com Hi-Fi.
Marco Sonoro – O termo deriva de landmark – marco divisório ou marco
geográfico – para referir-se ao som da comunidade, que é único ou possui
qualidades que o tornam especialmente notado.
Moozak ( Mooze etc) – Termo aplicado a
toda sorte de baboseiras esquizofônicas musicais, especialmente em lugares
públicos.
Morfologia – O estudo das formas e
estruturas. Originalmente, empregado em biologia, foi mais tarde (em 1896)
utilizado em filologia para referir-se aos padrões de inflexão e formação de
palavras. Aplicado aos estudos da paisagem sonora, refere-se às trocas entre
grupos de sons que tenham formas ou funções similares quando arbitrariamente
agrupados em formações temporais ou espaciais. Um exemplo de morfologia
acústica pode ser o estudo da evolução histórica das trompas de nevoeiro, ou
uma comparação geográfica de métodos de telegrafia (trompa dos Alpes, tambores
das selvas etc.).
Objeto Sonoro – Pierre Schaeffer,
inventor desse termo (l’object sonorei),
o descreve como um “objeto acústico para a percpção humana e não um objeto
matemático ou eletroacústico para síntese”.
O objeto sonoro é, então, definido pelo ouvido humano como a menor
partícula independente de uma paisagem
sonora e é analisável pelas características de seu envoltório. Embora
posssa ser referencial (isto é, um tambor etc.), o objeto sonoro deve ser
considerado basicamente como uma formação sonora fenomenológica,
independentemente de suas qualidades de referência como evento sonoro. Comparar
com evento sonoro.
Paisagem Sonora – O ambiente sonoro.
Tecnicamente, qualquer porção do ambiente sonoro vista como um campo de
estudos. O termo pode referir-se a ambientes reais ou construções abstratas,
como composições musicais e montagens de fitas, em particular quando
consideradas como um ambiente.
Projeto acústico – Nova interdiciplina
que requer os talentos de cientistas, cientistas sociais e artistas (em
particular os músicos), o projeto acústico procura descobrir princípios pelos
quais a qualidade estética do ambiente acústico, ou paisagem acústica, pode ser melhorado. Para isso é necessário
conceber a paisagem sonora como uma vasta composição musical que ressoa
incessantemente à nossa volta e perguntar de que modo sua orquestração e sua
forma podem ser aperfeiçoados para produzir riqueza e diversidade de efeitos
que não sejam, todavia, para a saúde e o bem estar humano. OS princípios do
projeto acústico podem, assim, incluir a eliminação ou restrição de certos
sons(redução do ruído), a avaliação de novos sons, antes que eles sejam
colocados indiscriminadamente no ambiente, mas também a preservação de sons (marcos sonoros) e, acima de tudo, o
arranjo imaginativo de sons para criar ambientes acústicos atrativos e
estimulantes para o futuro. O projeto acústico pode também incluir a composição
de ambientes modelo, e nesse aspecto ele se aproxima de composição musical
contemporânea. Comparar com ecologia
acústica.
Projeto Paisagem Sonora Mundial –
Projeto sediado no Estúdio de Pesquisas Sonoras do Departamento de Comunicação
da Universidade Simon Faser, Colúmbia Britânica, Canadá, dedicado ao estudo
comparativo da paisagem sonora
mundial. O Projeto nasceu em 1971, e desde então se tem realizado um grande
numero de pesquisas nacionais e internacionais relacionadas com a percepção
auditiva, o simbolismo sonoro, a poluição sonora etc., tentando unir as artes e
as ciências dos estudos sonoros para o desenvolvimento da interdisciplina
Planejamento Acutico. Eis as publicações incluídas no Projeto Paisagem Sonora
Mundial: The Book of Noise, The Musico f
the Environment, A Survey of Community Noise By-laws in Canadá, The Vancouver
Soundscape, Dictionary of Acoustic Ecology, Five Village Soundscapes e A
European Sound Diary.
Ruído – Etimologicamente, essa palavra
(noise) pode ser remetida ao francês
arcaico (noyse) e ao provençal do
século XI (noysa, nose, nausa), mas
sua origem é incerta. Existe uma variedade de significados e nuanças da
significados, os mais importantes são os seguintes:
1.
Som não desejado.
The English Oxford Dictionary contem referencias a ruído como um som não desejado já em 1225.
2.
Som não musical.
O físico de século XIX Hermann Helmholtz empregava o termo ruído para descrever o som composto por vibrações não periódicas (o
farfalhar das folhas) em comparação com os sons musicais, que consistem em
vibrações periódicas. Ruído ainda é
utilizado, nesse sentido, em expressões como “ruído branco” ou “ruído
gaussiano”.
3.
Qualquer som
forte. No uso geral de hoje, a palavra ruído
se refere particularmente aos sons de intensidade forte. Nesse sentido, uma lei
que trate de redução do ruído proíbe certos sons fortes ou estabelece limites
permissíveis numa escala de decibéis.
4.
Distúrbios em
qualquer sistema de sinais. Em eletrônica e engenharia, ruído significa
qualquer perturbação que não faça parte do sinal, como a estática em telefone
ou chuvisco na tela de televisão.
A mais
satisfatória definição de reuido para uso geral é ainda de “som indesejado”.
Isso torna ruído um termo subjetivo.
O que para uma pessoa é musica pode ser ruído para outra. Mas mantém aberta a
possibilidade de haver, em determinada sociedade, mais concordâncias do que
discordâncias a respeito de que sons se constituem em interrupções não
desejadas. Deve-se notar que cada linguagem preserva sutilezas únicas de
significado para as palavras que representam o ruído. Assim, na França, fala-se
de bruit de um avião a jato, mas
também de bruit de passarinhos ou o bruit das ondas. Comparar com ruído sagrado.
Ruído Sagrado – Qualquer som prodigioso
(ruído) que seja livre da proscrição social. Originalmente o ruído sagrado refere-se a fenômenos
naturais, como o trovão, erupções vulcânicas, tempestades etc., pois
acreditava-se que representassem combates divinos ou a ira dos deuses para o
homem. Por analogia, a expressão pode ser estendida aos ruídos sociais que,
pelo menos durante certos períodos, tem escapado à atenção dos legisladores da
redução de ruídos, como os sinos de igreja, o ruído industrial, a musica pop amplificada etc.
Sinal Sonoro – Qualquer som para o qual
a atenção é particularmente direcionada. Nos estudos da paisagem sonora, os
sinais estão em contraste com os sons
fundamentais, exatamente do mesmo modo “figura” e “fundo” se opõem na
percepção visual.
Som Fundamental – Em musica, o som
fundamental identifica a escala ou tonalidade de uma determinada composição.
Ele fornece o som fundamental em torno
do qual a composição pode modular, mas a partir do qual outras tonalidades
estabelecem uma relação especial. Nos estudos da paisagem sonora, os sons
fundamentais são aqueles ouvidos continuamente por uma determinada sociedade ou
com uma constância suficiente para formar um fundo contra o qual os outros sons
são percebidos. Exemplo disso pode ser o som do mar para a comunidade marítima
ou o som das máquinas de combustão interna nas cidades modernas. Com freqüência
os sons fundamentais não são ouvidos conscientemente, mas atuam como agentes
condicionadores na percepção de outros sinais sonoros. Por isso eles têm sido
relacionados com o fundo, no grupo figura/fundo, da percepção visual. Comparar
com sinais sonoros.
Sonografia – A arte da notação da
paisagem sonora. Pode incluir métodos habituais de notação, tais como o
sonograma ou registro do nível sonoro, mas alem disso procura também registrar
a distribuição geográfica dos eventos
sonoros. Várias técnicas de
sonografia aérea são empregadas, como o mapa de contornos isobel.
Testemunha auditiva – Pessoa que atesta
ou pode atestar o que ouve.
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